Esquizoanálise - Registros Nômades
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Minha segunda publicação em parceria com outres autores, minha participação nesse livro vem de diversos encontros: com o pensamento de Luiz Fuganti nas aulas da Formação em Esquizoanálise, no Encontro de Esquizoanálise da Escola Nômade de Filosofia e no meu encontro pessoal com o artista nômade Fernando Hermógenes, performer, arte educador e agitador cultural. O texto que assino é um ensaio poético sobre a arte e vida desse artista em deslocamento, cuja obra-ação-performance nasce de outros encontros pelo Brasil e outros países com uma multiplicidade de presenças. O texto nasce de nossas conversas ao longo de dez anos, onde defendo que não só o fazer artístico de Hermógenes como a própria arte da performance já responde aos conceitos da esquizoanálise: performance como acontecimento, a potência que se multiplica no encontro com o outro, a criação de linhas de fuga das capturas capitalísticas e produção de fissuras no muro branco, a arte como fazer político e corpo sem órgãos (CsO).


“A vida imensa e intensa desse percurso se faz no deslocamento na boleia de caminhão com a roupa encharcada do barro deixado pelo rastro das mineradoras.” (...) Ele está convidando a fazer das cinzas da impossibilidade de nossas curtas, mas não pequenas existências, matéria viva de possibilidades para ampliar nossos espaços de existir.” (trechos de “Museu de coisas vivas: A arte desviante de Fernando Hermógenes – artista nômade, fazedor de fogo e encantador de corações inquietos.”)

“Sem o que se denominou ao longo do século 20 de filosofia da diferença, não teríamos a esquizoanálise. A filosofia da diferença é seu pressuposto. O que caracteriza essa filosofia é uma antologia absolutamente afirmativa do ser, um ser que se diz no mesmo sentido de toda e qualquer diferença sem carecer de qualquer suposta realidade transcendente além dele. Um ser imanente e unívoco contra a analogia do ser subordinado ao Uno. Univocidade que torna imanente toda maneira de qualquer modalidade do real – imanência a um único e mesmo ser, constitutivo de tudo o que é comum e que a um só tempo envolve e afirma as diferenças.


Já vai mais de meio século desde o lançamento do livro que nos apresentou pela primeira vez a esquizoanálise, O anti-édipo, de Gilles Deleuze e Féliz Guatari. E nós, com o anseio, por um lado de ampliar a comunidade nômade ligada à filosofia da diferença e contribuir ao nosso modo com o crescimento dos movimentos que ela vem desencadeando no Brasil e no mundo e, por outro, de fazer a nossa parte em tornar cada vez mais notável a extraordinária singularidade do pensamento e da prática da esquizoanálise, realizamos nosso primeiro encontro presencial com os participantes das sete primeiras turmas desse curso, donde nasceram o texto dessa coletânea.”


- Luiz Fuganti

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